Episódio 2- Nada faz sentido
Um silêncio profundo tomou conta do ambiente.
Sharon olhava para Johnny como se ele estivesse louco e
Johnny retrucava o mesmo olhar.
-Johnny, pelo amor de deus! Sou eu, Sharon!
-Se você esta tentando fazer algum tipo de piada, fique
sabendo que não tem a menor graça.
Os olhares continuavam fixos um para o outro, aquela
situação estava se tornando desconfortável.
-Olha só, eu não tenho tempo para esse tipo de coisa, me faz
um favor e tira as roupas dela, não é legal brincar com isso. –Disse Johnny com
olhar de desprezo
Johnny então vira as costas e segue seu caminho. Sharon já não
estava se sentindo bem fisicamente, como é possível estar em um lugar e de
repente acordar em um lugar desconhecido e seu amigo de infância não te
reconhecer!
O velho senhor tinha deixado a pobre menina confusa perto de
sua casa, ela foi correndo em direção a sua casa, não via a hora de encontrar
os pais e contar tudo que havia acontecido. De longe ela conseguia ver seu pai
saindo pela porta da frente e como de costume sua mãe se despedindo, para mais
uma noite de trabalho.
-Pai! Pai! Mãe! –Gritou Sharon desesperadamente e correndo
mais ainda.
Seus pais a olharam e ficaram paralisados, era como se
fizesse muito tempo que eles não a viam. Sharon pulou nos braços de seu pai.
-Que bom ver vocês, eu estou com muito medo! Eu... Eu estava
voltando da faculdade mas... de repente... não sei, eu estava numa cama e...
A mãe de Sharon arregalou os olhos, pôs as mãos na boca e
seus olhos começaram a jorrar lagrimas. Seu pai a afastou com rejeição e disse:
-Quem é você garota? Você acha engraçado fazer esse tipo de
brincadeira conosco?
Sharon nunca havia visto seu pai tão nervoso.
-Jhonatan! Jhonatan, pelo amor de deus... as roupas! As
roupas dela são...
-Da nossa filha! Onde você conseguiu essas roupas? –Disse jhonatan
impaciente.
Nenhuma misera palavra saia da boca de Sharon, ela não podia
nem se mexer.
-Nossa filha estava com essas roupas quando desapareceu!
Onde encontrou essas roupas? Nos diga!
Sharon não conseguiu tomar outra atitude a não ser correr.
Seu pai correu atrás dela como se fosse a primeira vez que a visse e como se
ela fosse uma dos trombadinhas que pichavam os muros da escola a noite. Sharon
conseguiu escapar, não era difícil se esconder naquele mar de árvores.
Fugir de seu próprio pai, a branca de neve nunca precisou se
preocupar em tomar uma bronca de seu pai, agora ela nem o conhece.
Passadas duas horas, ali estava ela, num banco de praça,
assustada, sem ter para onde ir, já nem ela mesma sabia quem era. Nos postes
daquela praça haviam cartazes de “desaparecida” com sua foto estampada, bem nítida.
E o que mais impressionava Sharon era o fato de que a data dos jornais jogados
no chão da cidade de Santa Maria mostrava ser uma semana após seu primeiro dia
na faculdade. Ela queria acreditar que era um maldito pesadelo, mas realmente
estava acontecendo. O que ela podia fazer?
Sharon sem nenhuma opção decide voltar a sua casa, ela havia
morado ali sua vida inteira, como é possível tudo mudar em poucas horas? Ou em uma
semana...
Sharon não era a menina mais santinha da cidade, na época em
que namorava Walter, criou um meio de sair de casa pela janela de seu quarto e
foi do mesmo modo que voltou ao seu quarto naquela noite. Seu quarto estava do
mesmo jeito que havia deixado, nada havia mudado. Ela se deitou, tirou os tênis
com os pés, tirou a camisa, se enrolou em seu lençol, e torceu para que tudo
aquilo fosse apenas mais um pesadelo.
O sol parece estar se pondo, folhas e galhos passam diante de
meus olhos, eu tenho algo em minhas mãos. Ali está a pedra, a maldita pedra,
por que ela me da tanta agonia?
E mais uma vez Sharon acorda depois de sonhar com a grande
pedra no meio de uma floresta que ela nem conhece.
E mais uma vez Sharon se encontra deitada na mesma cama
mofada, num barraco de madeira, no meio de uma floresta... que ela mau
conhece...
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